A Mitsubishi começa a vender o Pajero Sport Flex, primeiro utilitário esportivo equipado com motor de seis cilindros bicombustível do mercado brasileiro, a partir do início de agosto por preços que partem de R$ 109.990. Com álcool, o V6 3.5 chega a render 205 cavalos, ou seja 5 cv a mais que a agora extinta versão movida apenas a gasolina. Além do fôlego extra, o carro recebeu novos ajustes da central eletrônica do motor, que passa a se comunicar com a do câmbio automático, o que acaba rendendo um pouco mais de agilidade ao carro dependendo do combustível que estiver no tanque.
Por fora, o visual quase não mudou, exceto pelo logotipo V6 Flex na tampa do porta-malas. Mas há mais novidades no interior. O sistema de som é bem mais moderno e vem com duas entradas: USB e auxiliar. Além disso, o ar-condicionado passa a ser digital. E para não perder o controle do carro em ladeiras existe o A/T Mode, que não deixa o Pajero descer trechos íngremes. Não é preciso pisar no freio, basta manter o câmbio engatado e acelerar.
ESTILO
A principal modificação aplicada à carroceria do Pajero 2010 se resume ao novo desenho da grande frontal e do pára-choque dianteiro. Duas barras horizontais na cor do veículo, com o logotipo da Mitsubishi ao centro, substituem a grade em forma de treliça do modelo anterior. De acordo com o fabricante, a nova configuração, batizada de IAF, sigla para o termo Improved Air Flow – Fluxo Aprimorado de Ar, em português –, proporciona maior capacidade de refrigeração para o motor. O pára-choque, por sua vez, ganhou contornos arredondados e faróis auxiliares integrados e em posição elevada. Porém, das laterais para trás difícil distingui-lo do Pajero “antigo”, já que quase tudo foi mantido, a exceção fica por conta do spoiler, traseiro logo acima do vidro, e das rodas de liga leve de 17 polegadas, calçadas com pneus 255/65, de uso misto. Sensor de estacionamento também é item exclusivo do modelo.
O Pajero Sport Flex mede 4,72 metros de comprimento, 1,78 m de largura e 1,84 m de altura. A distância entre-eixos é de 2,72 m, o suficiente para garantir boa oferta de espaço interno, que é prejudicado, em parte, pelo assoalho elevado. Essa característica, comum em utilitários, reduz a área ocupada pelas pernas dos passageiros do banco traseiro. O porta-malas tem capacidade para 980 litros, que pode ser ampliada para 1.750 l com o rebatimento do banco.
O interior recebeu novo acabamento, nas cores preto e cinza. Assim como ocorre com o modelo a diesel, as molduras dos controles elétricos das portas e do painel de instrumentos trazem acabamento de plástico Black Wood, que imita madeira escurecida. Há revestimento de couro no novo volante, nas alavancas de câmbio e da tração 4x4, e nas laterais das portas.
O ar-condicionado é digital e automático e vem equipado com uma pequena tela de LCD. O painel de instrumentos, por sua vez, traz novos grafismos e fundo branco. Essa versão também ganhou um novo sistema de áudio, que inclui rádio AM/FM com CD player e leitor de formato MP3. O equipamento possui conexões auxiliares para celulare com Bluetooth e dispositivos USB, que podem ser conectados por meio de uma entrada instalada no console central.
DESEMPENHO
Para fazer o Pajero Sport beber gasolina, álcool ou a mistura de ambos, o fabricante afirma ter investido cerca de R$ 20 milhões no desenvolvimento do motor, que levou quase dois anos para ser concluído. As principais mudanças foram realizadas nos componentes que tem contato direto com o álcool, como bicos injetores e corpo de borboleta. Essas peças receberam revestimento especial, assim como as linhas de combustível e o bocal de abastecimento.
A central eletrônica que equipa o Pajero Sport Flex foi desenvolvida especificamente para esse motor pela Magneti Marelli. A transmissão é automática, de quatro marchas, e possui sistema inteligente de trocas, que se adapta ao tipo de condução do motorista. A caixa ainda está equipada com a função A/T Mode, apropriada para pisos com aderência reduzida. Uma vez acionado, o veículo sai automaticamente em segunda marcha, evitando a derrapagem das rodas. Ele também conta com sistema de tração Easy Select, que permite engatar a tração de 4x2 para 4x4 – e vice-versa – a uma velocidade de até 100 km/h. A segurança é garantida pelo duplo airbag frontal e sistema de freios com ABS e distribuição eletrônica de frenagem (EBD).
Durante o test-drive, o motor reagiu bem às investidas leves sobre o acelerador. Mas em situações de aclive e ultrapassagens, o câmbio demorou um pouco para ‘conversar’ com o V6, resultando em respostas mais lentas. A cabine conta com boa acústica, mas quando o velocímetro se aproxima dos 120 km/h, em quarta marcha e a 4.000 giros, o ruído do conjunto aumenta consideravelmente, incomodando em percursos mais longos.
Como o consumo de álcool é maior que o de gasolina, o tanque de combustível teve sua capacidade aumentada de 75 litros para 90 l, para que o veículo não perdesse autonomia. Consumo, inclusive, foi um assunto que a Mitsubishi tentou evitar na apresentação do Pajero Flex. Sem divulgar dados exatos, o fabricante afirma que o jipão é capaz de rodar entre 4,5 e 5 quilômetros com um litro de gasolina na cidade. Com álcool, os números ficam entre 3,5 km/l e 4,5 km/l. Na estrada, o veículo rende de 7 km/l a 9 km/l com álcool. A Mitsubishi ficou devendo o consumo de gasolina em trechos rodoviários, o tempo que o utilitário leva para acelerar de 0 (zero) a 100 km/h e a velocidade máxima.
MERCADO
Com o lançamento do Flex, a Mitsubishi aposenta o Pajero Sport movido apenas com gasolina. As variantes a diesel, lançadas recentemente, são vendidas por R$ 115.490, com câmbio manual, e R$ 119.990, com transmissão automática. A proximidade dos valores entre as versões não assusta a empresa. “O consumidor de um veículo flex é diferente de uma pessoa que quer um modelo a diesel. Eles são usados para diferentes aplicações e por isso é importante a oferta de produtos para cada uma delas”, explicou o diretor de engenharia da Mitsubishi, Reinaldo Muratori.
A expectativa é de comercializar 500 unidades do modelo por mês, sendo 300, a diesel, e 200 da Flex. “Este volume é inicial, para que possamos entender a demanda e depois podermos pensar em um eventual aumento”, disse Muratori, que não descartou a possibilidade da chegada de uma versão manual do Pajero Sport Flex. “Tudo vai depender de como o mercado vai responder a este lançamento”, afirmou. Mesmo sendo o único flex do segmento, o Pajero Sport vai brigar com o Toyota SW4, a gasolina, comercializado por R$ 119.700, com câmbio manual, e R$ 124.300, com transmissão automática.