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29/05/2003
O Antigomobilismo
Primórdios
 
   
 

Palavra estranha cuja definição exata existe no Dicionário Houaiss que diz:

“1- interesse por veículos antigos e seu estudo como elemento da arqueologia industrial. 2- conjunto de conhecimento técnicos, históricos e práticos que dizem respeito à conservação, classificação e apresentação museológica desses veículos. 3- movimento associacionista dos interessados nesta prática, com vistas à defesa e difusão de sua atividade.”

Logo, percebe-se que a preservação do automóvel com interesse cultural e como testemunha de uma época é a premissa que está inserida na palavra.
Sim, aquele que faz isso acontecer, ou seja, garante a existência dos automóveis é o ANTIGOMOBILISTA, também conhecido como colecionador.

Carros antigos não podem ser enquadrados na categoria de novidade, afinal, difícil considerar como novo algo que foi fabricado há mais de 30 anos e que não possua muitas semelhanças com os modelos atuais.

Mas, se por um lado são desprovidos de atrativos tecnológicos, por outro estão carregados de história e de momentos únicos.

Quem não se lembra do carro do avô, ou de seu primeiro carro, ou ainda do carro onde aprendeu a dirigir ? Pois bem, eis a mística que envolve a preservação de automóveis antigos: a CULTURA.

Os automóveis antigos podem ser vistos de várias formas, como peças mecânicas obsoletas (e assim podemos perceber como o mundo avançou), ou ainda como peças dignas de uma observação mais profunda.

Muito bem, se você é um daqueles que acha que a segunda opção merece algum crédito, agradeço e convido-o a, semanalmente ler algo sobre o tema nesta coluna.

Gosta de perder alguns minutos observando cromados, percebendo como as linhas aerodinâmicas eram parecidas com aviões, como os motores eram “super-potentes” mas andavam pouco e consumiam muito combustível, como havia espaço interno e os bancos eram confortáveis ?
Seja bem-vindo ao mundo do Antigomobilismo.

Aqui tratarei de diversos temas que envolvem o carro antigo, desde modelos históricos a outros nem tão históricos assim, veículos com motores fortes ou mais fracos, uns belos outros tão feios que recebiam apelidos que a moral e os bons costumes não permitem transcrever neste momento. Falarei das pessoas que faziam tudo acontecer, alguns já se foram outros permanecem entre nós para dividir conosco seu entusiasmo e conhecimento.

Claro, falarei dos eventos também, afinal, a “febre” do Antigomobilismo tomou conta de todos. Quer visitar os eventos que ocorrem por aí ? Então prepare-se para não fazer mais nada nos seus finais de semana, pois em todos eles há alguma programação em algum lugar deste país. Os Clubes e as associações em torno dos automóveis antigos também estarão aqui. E o mercado de carros antigos ? Quanto será que vale aquele carro velho abandonado lá naquele sítio na longínqua cidadezinha do interior ? Pode ter certeza que uma pequena fortuna. Já reparam como os preços de carros velhos (nem sempre antigos) foi para a estratosfera ? E as peças de reposição então. Mercado aquecido em uma economia preocupante, dinheiro curto, carros econômicos, pequenos mas seguros e (parcialmente) potentes.
 
Não posso esquecer das restaurações, afinal estamos falando de carros velhos que querem ser promovidos a antigos, mas para isso, muita coisa deve ser feita. Será que vale a pena ? Bem, se pensar com o bolso, então a resposta é não. Se pensar com a razão, então a resposta continua a mesma. Mas se entrar a emoção, ou seja, se ocorrer uma “conversa” entre você e aquele monte de ferrugem em formato de carro, prepare-se para passar os próximos anos lendo, pesquisando, garimpando peças, enfim, quando você perceber, sua corrente sanguínea estará contaminada eternamente com o vírus da ferrugem.

Mas não se preocupe, não mata, mas também não tem cura.

É uma atividade até que recente, segundo pesquisas superficiais, há uma estimativa de 6.000 antigomobilistas e um acervo de veículos antigos que já supera a marca de 10.000 veículos. Parece muito, mas levando-se em consideração que esta é uma prática recente, com aproximadamente 20 anos de existência no Brasil. O início desta cultura vivencial com os automóveis antigos foi com um homem chamado Roberto Lee, já falecido, mas que é considerado um dos principais ícones da popularização do Antigomobilismo. Uns dizem que ele usava diariamente apenas veículos antigos, aliás, outros completam dizendo que ele não tinha carro novo, ou se preferir, carro normal. Outras pessoas se uniram e/ou deixaram transparecer este envolvimento e hoje, é cada vez mais fácil encontrar um veículo antigo por bem perto.

Mas, houve época em que carro era coisa estranha, aliás, muito estranha mesmo. Em 1897, surgiu em São Paulo o primeiro veículo movido por um motor à combustão: foi um Peugeot. Ah, já sei, pensou que a Peugeot fosse coisa recente, mas fique sabendo que o primeiro automóvel a rodar em solo brasileiro foi deste fabricante francês. Hoje, tem até fábrica aqui e produz um veículo muito bem vendido em sua categoria. Mas, voltando ao início, o Peugeot Phantom 5 (foto), foi trazido da França por Henrique Santos Dumont, tio do aviador Alberto Santos Dumont.


A família Dumont já era famosa por ter carros, afinal dois anos antes, portanto em 1895, veio também da França outro automóvel, um De Dion Bouton, este era movido à vapor, mais comum para a época.

O Peugeot Phantom 5 fez sucesso por aqui, mas aterrorizava mais a população do que era útil. Afinal, onde seria possível abastecer o veículo ?

No Rio de Janeiro, na mesma época, entre os anos de 1895 e 1897, o Sr. José do Patrocínio trouxe também da França um automóvel da marca Daimler, também movido à vapor. Este teve um fim trágico, afinal a curiosidade era tamanha que o amigo e poeta Olavo Bilac pediu para experimentar o veículo, caindo em uma vala poucos metros à frente causando danos que ninguém no Brasil à época saberia como consertar. Sem dúvida, era melhor em poesia que em direção.

O mercado de automóveis era crescente, tanto que em 1906 a frota carioca era composta por 35 automóveis e em 1907 surge o Automóvel Clube do Rio de Janeiro. Em São Paulo, o surgimento desta associação foi em 1908.

Depois disso, surge em 1919 a primeira montadora de automóveis do Brasil, a americana FORD sendo seguida em 1925 pela também americana GM.

No quadro pode-se perceber o interesse pelos automóveis e sua influência política.

   
          Período                      Quantidade de veículos importados

    
de 1891 a 1910                                    1.938

    
de 1911 a 1920                                   27.603 

     de 1921 a 1930                                  248.571

    
de 1931 a 1939                                   89.964

    
de 1945 a 1955                                 184.855

     de 1960 a 1971                                  17.763
  

No período entre 1940 e 1944 não ocorreram importações devido a I Guerra Mundial, quando os esforços industriais eram voltados à produção de armas. Além disso, percebe-se um diminuição no ritmo de importações a partir de 1956, quando o então Presidente Juscelino Kubitschek incentivou a instalação de indústrias montadoras de veículos e as que já produziam veículos aqui, se sentiram motivadas a desenvolver o processo inteiro, ao invés de apenas montar as peças importadas. Finalmente, em 1972 as importações de veículos foram proibidas só sendo retomadas em 1992.

Mas, esta já é outra história.........

Paul William Gregson é Presidente do Clube do Ford V8-Brasil e autor do livro “Os eventos de Antigomobilismo sob a análise turística”.
e-mail: pwg@terra.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 
   
 
   
 
   

 
 

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