Durante o início dos anos 70, o Brasil vivia uma época de prosperidade econômica e com isso a classe média passava a consumir mais e as vendas de automóveis cresciam. Esse crescimento gerava um interesse por um novo segmento do mercado de automóveis, até então pouco explorado no País: o dos carros-esporte.
Em 1972 a Volkswagen resolvia entrar na briga com um modelo próprio e desenvolvido no Brasil: o SP2. Conta a história que o modelo foi um desejo pessoal do presidente da empresa, Rudolf Leiding, que mais tarde comandaria a matriz.
A filial brasileira estava confiante para desenvolver modelos próprios, dos quais a Brasília seria um grande sucesso, e então surgiu o projeto SP. Feito sobre o chassi da Variant e com um desenho bastante arrojado, o primeiro SP nem chegou às ruas, devido ao desempenho de seu motor 1,6-litro, que desenvolvia apenas 65 cv brutos e o levava a 150 km/h.
A segunda versão, batizada de SP2, possuía motor 1,7-litro de quatro cilindros horizontais opostos , refrigerado a ar, gerando 75 cv de potência bruta a 5.000 rpm. Como na Variant, o motor era de construção plana, com a turbina de refrigeração montada no virabrequim.
O câmbio era o mesmo 4-marchas da linha de motor traseiro, mas a relação do diferencial foi alongada para 3,88:1.
O carro atingia 160 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 17,4 segundos, sendo ainda razoavelmente econômico, com média de 10,5 km/l. Além do novo motor, desenvolvido a partir do 1,6, apresentava suspensão recalibrada e freios a discos na dianteira. As rodas eram de aço, 14 polegadas, com pneus radiais 185-14 de perfil alto (80).
Ao lado do desenho arrojado, outros detalhes davam ao SP2 um perfil esportivo: bancos com assentos longos -- havia opção de revestimento em couro --, apoios reguláveis para a cabeça e acolchoamento na região lombar para evitar dores na coluna. Apresentava também um painel completo, feito de plástico deformável, que incluía conta-giros, termômetro do óleo, amperímetro e relógio.
O carro vinha também com rádio e ventilador de série e oferecia bom espaço para bagagens: 140 litros na dianteira e outros 205 na traseira, distribuídos em compartimentos forrados atrás dos bancos e em cima do motor. A tampa do porta-malas abrangia o vidro traseiro, numa época que os hatchbacks ainda não haviam surgido no Brasil. O limpador do lado do motorista era pantográfico, para maior varredura.
Apesar de alguns bons atributos, 1975 foi o ano derradeiro para o SP2. Os principais responsáveis por seu fracasso foram o alto preço, em razão de uma baixa economia de escala na produção, e o fraco desempenho do motor diante do estilo esportivo.
O SP2, construído em aço, vivia "apanhando" dos Pumas, que -- embora utilizassem mecânica VW -- eram bem mais leves, pois eram feitos em plástico reforçado com fibra-de-vidro. Ao todo foram produzidas 10.193 unidades do carro. Hoje um item de colecionador, apesar do pouco sucesso nas vendas, já consta até de catálogos internacionais.